quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Oficina da Língua


Muito se fala da Língua Portuguesa, do seu papel no reforço identitário da Nação, no seu papel aglutinador no âmbito de uma comunidade de utilizadores transcontinental, do seu papel como recurso dinâmico no reforço do estímulo da presença de Portugal num mundo global, de património, de culto.
Cerimónias e episódios cénicos. Divulgam-se excertos dos ''maiores'', descontextualizados e em cúmulo, e assim se pensa que o culto fica realizado e desobrigado.
E a língua progressivamente se degrada, porque não é só um monumento a preservar, mas um recurso transversal de cultura e comunicação para criar. Aqui estou em lamento, quase em requiem, porque a minha língua me parece já uma efeméride.
Por isso esta ''oficina'' tem por intuito requalificar a relação com a língua como um impulso para a igualdade entre os seus legítimos herdeiros, promovendo o seu mais qualificado uso como utensílio indispensável à aquisição da personalidade e identidade, à aprendizagem e à transmissão e renovação do conhecimento, ao exercício da cidadania, à comunicação em todos os contextos, ao desenvolvimento social e cultural, enfim, à revolução das mentalidades.
Porque todos têm o direito de escrever com a alma uma carta de amor, habilitados com os mais adequados meios para a tornarem legível, ou audível.
E se o mundo está dividido em pobres e ricos, tanto em bens materiais como de espírito, que a língua, pelo menos, pertença a todos. Porque do seu qualificado uso talvez brote a atenuação das diferenças. E a língua integra o pecúlio das ''res publicae'', bens comuns.

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